quinta-feira, maio 31, 2018

É tão Importante Sairmos pelo Nosso Próprio Pé...


São raros os líderes, do que quer que seja, capazes de escolher o seu tempo certo de saída, sem precisarem de  levar o "empurrão" da ordem, normalmente na direcção da porta pequena. 

Só por isso, Zinédine Zidane, merece o meu aplauso. 

Mas além disso é um grande técnico de futebol, que conseguiu treinar durante três épocas o melhor clube do mundo (e provavelmente o mais difícil para qualquer treinador...), conquistando três Ligas dos Campeões, um Campeonato Espanhol, dois Mundiais de Clubes, três Supertaças Europeias e uma Supertaça espanhola.

E mais importante ainda, conseguiu gerir de forma exemplar um balneário cheio de "vedetas", onde a única nota digna de realce era a insatisfação de quem ficava de fora (principalmente Bale e Isco...). 

Mas esse é um problema crónico dos jogos de futebol, pois só podem jogar onze jogadores de cada vez, em qualquer equipa...

(Fotografia de autor desconhecido)

quarta-feira, maio 30, 2018

«Um dia quero apanhar um barco daqueles»


Não a conhecia de lado algum.

Mas ela mesmo assim, não quis deixar de me confidenciar um quase sonho seu: «Um dia quero apanhar um barco daqueles».

Sorri-lhe depois de tirar a fotografia. Não sei porquê mas não lhe ofereci qualquer palavra...

Entretanto voltámos a seguir caminhos opostos, eu para Cacilhas, ela para a Fonte da Pipa, a não querer perder de vista o paquete que se despedia de Lisboa...

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, maio 29, 2018

Aquela Gente, Parada no Tempo...


O mundo continua a ter mais que uma velocidade, tal como o nosso país... ainda tão desigual, apesar de todas as modernices. Achei curioso, que num tempo em que quase toda a gente se delicia com o facebook, mesmo em lugares quase remotos, haja algumas coisas que não mudam, provavelmente por conveniência de ambas as partes...

Senti aquela pequena cidade de província como quase uma aldeia. Claro que aqueles velhos hábitos podiam ser vividos só naquela rua, naquele bairro. Mas mesmo assim senti-me mais surpreendido que deslocado, ao perceber que naquele café, praticamente só com homens, que usavam todas as palavras,  com mais ou menos sujidade, animadamente, enquanto acalmavam o estômago com tremoços, amendoins  e minis. Só o tema de conversa era demasiado previsível, o Sporting, que era vivido com demasiada paixão por aqueles lados.

O meu "guia" ao perceber a minha surpresa por viajar no tempo, de regresso ao século XX, perguntou-me se queria visitar o salão de chá, onde estava a outra "metade" do bairro, Teve o cuidado de me informar que por lá a conversa era outra, não menos interessante. Sim, as mulheres falavam  dos episódios das telenovelas, e sobretudo, da vidinha interessante das "ausentes"...

Disse-lhe que não, enquanto também refrescava a garganta com uma imperial e ouvia os palpites sofridos daqueles homens, aparentemente com "corações de leão".

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, maio 28, 2018

A Dificuldade Maior em Sermos Bem Informados...


Há muito que o espectáculo venceu a "batalha" da informação na comunicação social.

Por razões quase naturais, a "festa" começou na televisão, passou para a rádio, e depois, chegou aos jornais, que também se habituaram a "vender gato por lebre" (basta ler a primeira página e depois passar os olhos pelas notícias que estão no "miolo"...).

Não menos relevante é a importância que se dá ao artigo de opinião e aos comentadores do que quer que seja. Parece que a notícia neutra, que relata apenas factos, deixou de ter importância... porque não emociona, não tem "sangue".

Talvez seja por isso que uma boa parte dos portugueses, não sabe muito bem o que é a Eutanásia, nem o que vai ser votado amanhã na Assembleia da República.

Como de costume, os fundamentalistas do "sim" e do não", - do que quer que seja -, provam que são bons nas campanhas de "desinformação"...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, maio 27, 2018

A Técnica do "Polícia Bom e do Polícia Mau" no Jornalismo...


Os últimos acontecimentos do Sporting têm gerado todo o tipo de reacções e comentários, de adeptos do clube e também de quem está de fora. Neste último grupo há mesmo que sorria de satisfação e acredite que o clube de Alvalade vai andar mais uma série de anos sem fazer "cócegas" ao FC Porto e ao Benfica. Mas não pensem que é só no meio dos "doentes da bola", que se escutam estas palavras. Também se ouvem no interior das redacções dos jornais, que nunca foram espaços de convívio de "meninos de coro".

Nós temos a cabeça sempre cheia de coisas. Talvez seja por isso que somos incapazes de fazer deduções demasiado simples. Eu por exemplo, nunca tinha falado com quem que seja sobre a existência de "jornalistas bons e de jornalistas maus" nas redacções, que talvez seja quase tão velha como a do "polícia bom e do polícia mau" nos interrogatórios criminais...

Basta querermos saber qualquer notícia antes dos outros, para escolhermos alguém com proximidade e simpatia, capaz de falar quase ao ouvido, com a "cara da notícia".

Foi numa conversa de café com um amigo dos jornais que chegámos com facilidade à conclusão, que esta prática é corrente em todas as redacções, pelo menos desde que os números das vendas de jornais começaram a falam mais alto que a sua qualidade...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, maio 25, 2018

É Tão Bom Termos a Liberdade de Escolher...


O texto de ontem, assim como o de hoje, são fruto de uma conversa sobre este nosso país com dois amigos (e ainda não tínhamos visto a fraca figura do "morto-vivo", que foi primeiro-ministro e presidente da república, na televisão, a comentar a "gravidade" da aprovação da eutanásia...).

Estivemos de acordo, não só em relação ao "espelho salazarento", mas também na forma conservadora como a igreja católica tenta condicionar os nossos dias, como acontece agora com a Eutanásia e aconteceu com o Aborto, e com tantos outros temas, chamados "fracturantes".

Sabemos que, se há alguém com responsabilidades de ainda sermos o país do "caciquismo local" e das "virtudes públicas e dos vícios privados" é o catolicismo, que reina entre nós desde o principio da nacionalidade.

Desde a meninice que me faz confusão ver os cardeais, bispos, padres e sacristães, do lado dos mais fortes, ao contrário de Jesus, o seu mártir, que morreu crucificado. Ele sim, foi um exemplo para todos nós, pela forma como ajudava os mais necessitados e também os mais injustiçados, segundo rezam as lendas inscritas nos livros mais novos do testamento...

Voltando à nossa conversa, gostávamos que as pessoas pudessem escolher, livremente, e sem qualquer  tipo de condicionalismo: o direito de vivermos até ao fim... ou o direito a morrermos com a dignidade que desejarmos.

(Fotografia de uma campanha publicitária da Benneton, dos anos 1990, de autor desconhecido)

quinta-feira, maio 24, 2018

O Espelho "Salazarento" na Política...


Claro que não gosto de ex-primeiro-ministros corruptos, mas também me incomoda o falso "retrato" que se tenta fazer de alguns políticos, aos quais só falta dizer que saíram mais pobres depois de terem sido governantes do país. Normalmente são colados à imagem "séria" de Salazar, mais falsa que judas, que a direita tanto gosta de apregoar...

Cavaco Silva e Passos Coelho são os dois ex-primeiro-ministros mais próximos desse paradigma, na chamada "terceira República". Se o primeiro acabou por estragar esta imagem, quando as famosas acções do BPN e a troca de vivendas no reino dos algarves se tornaram públicas, o segundo ainda continua a ser elogiado por continuar a viver em Massamá e passar férias na Manta Rota (até um dia destes, provavelmente, quando descobrirem que afinal também  "mudou de vida")...

(Fotografia de autor desconhecido)

quarta-feira, maio 23, 2018

A "Vida dos Outros" Continua a ser cá um "Filme"...


Passei para baixo e duas das minhas vizinhas estavam ali, na esquina, a falar em surdina sobre a vida "interessante" de alguém. Disse boa tarde e continuei a caminhada para o centro da cidade.

Quarenta e alguns minutos depois eu estava de regresso e elas continuavam no mesmo sítio, a conversar no mesmo tom de voz. Provavelmente a quererem guardar segredo de algumas das notas que "pintam" o quotidiano do nosso  "bairro"... 

Desta vez passei sem dizer nada, para não interromper nenhuma cena do "filme" cujo guião - "a vida dos outros" - desperta sempre grande curiosidade alheia...

(Fotografia de Marvin Newman)

terça-feira, maio 22, 2018

Expo 98, um Acontecimento Memorável


Se há algo que nos deve deixar orgulhosos foi a realização da Expo 98, que para muitos era uma iniciativa megalómana. Mais uma daquelas que não éramos capazes de fazer, pelo menos com o brilho de outras feiras memoráveis...

(Claro que não vou fazer publicidade aos "corruptos" do regime, que sempre que cheira a dinheiro, guardam o que podem, e não podem, nas suas calças dos bolsos fundos...).

Não sei se o mais importante foi a recuperação de uma das zonas mais poluídas e feias de Lisboa, ou o nosso amor próprio, percebermos que a palavra impossível (tão do gosto dos muitos "velhos do restelo", que continuam sem arredar pé, rente ao Tejo...), nem sempre tem utilidade.

Como comprámos o passe de três dias, fomos lá três vezes, duas delas com o meu filho, que tinha meses (nascera em Abril desse ano esperançoso...) e aparece na fotografia ao colo da mãe e ao lado do Gil. 

Fomos ainda uma quarta vez, mas só à noite, a bordo de um cacilheiro, para assistirmos ao bonito espectáculo pirótécnico e musical de encerramento da Festa (penso que diário...).

E entretanto passaram 20 anos...

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, maio 21, 2018

A Deusa Deitada...


Um dia destes ao passar pelos jardins da Gulbenkian, descobri um conjunto de esculturas que estavam no chão, numa zona que não é tão pública como as outras (embora não precisasse de saltar muros ou ultrapassar sentidos proibidos...).

Claro que tirei uma fotografia, até pelo insólito daquela "Deusa deitada", que não deixava de ter algo de belo.

Pensei ainda que os artistas plásticos - de outros séculos - foram uns autênticos visionários (felizmente com a permissividade de muitos reis e rainhas...), despindo as suas musas de pedra ou bronze ou os modelos dos seus óleos.

E nesses tempos não mereciam qualquer reprovação, porque na "Arte" quase tudo era permitido... até despir quem se vestia do tornozelo ao pescoço...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, maio 20, 2018

A Lisboa que Entardece...


Ontem andei por Lisboa, pelas colinas que se tornaram bilingues.

Tirei vártias fotografias à Lisboa que entardece, de mão dada com o Rio, que se transforma em Mar, quando começa a alargar os seus horizontes e a banhar tantos lugares... 

Claro que é um mar especial, um "Mar da Palha"...

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, maio 19, 2018

Gostar de Espreitar a Dor dos Outros...


Sei que a receita de sucesso de muitos dos programas televisivos é a exploração da desgraça alheia.

Isso não acontece por acaso. Há muito boa gente que gosta de espreitar a dor dos outros. E se for  a "dor" de alguém conhecido - um artista da rádio e tv -, ainda melhor. Exclamam com satisfação, umas para as outras, como se percebessem pela primeira vez que as pessoas que entram em telenovelas e enchem as páginas das revistas coloridas, também são "humanas".

Sei que isto não revela apenas estupidez natural ou défice cultural, espelha sobretudo o vazio das vidas de uma grande parte das pessoas, que precisam de "alegrias e tristezas alheias" para conseguirem sobreviver, neste mundo estranho...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, maio 18, 2018

A Secura (de palavras)...


Ando num daqueles períodos em que não sinto muita vontade escrever. De vez em quando acontece.

Desculpo-me com as ruas, que estão cada vez mais silenciosas, tal como os transportes e as paragens, cada vez com mais gente presa ao "rectângulo mágico"... ou seja, a paisagem humana não tem sido muito inspiradora.

Mesmo quando atravesso o rio e passo por Lisboa, noto  que mesmo as coisas aparentemente banais estão a mudar demasiado rápido. 

Não é apenas o facto de se estar a tornar inglesa, francesa (e até chinesa, entre outras coisas...). Com todas estas transformações nem sequer temos tempo de aprender todas estas línguas...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, maio 17, 2018

A Alienação Televisiva...


Eu sei que é sempre bom olharmos para dentro de nós, ajuda-nos a compreender um pouco melhor os outros, por mais complicados que sejam...

Cá por casa não acho muita piada que a televisão viaje por canais como a "SIC Mulher", que olhe de relance programas que não me dizem quase nada.

Mas os episódios lamentáveis sobre o Sporting, dos últimos dias (e não sou sportinguista...), têm-me deixado mais preso à televisão do que devia. Sei que tudo isto tem uma técnica, que a forma como somos "agarrados" segue o guião da telenovelas, ou seja, deixa sempre uma ponta solta, para nos manter "presos".

Depois "acordo" e interrogo-me, «o que é que eu estou a fazer aqui, isto tem algum interesse especial?»

Não, não tem. Fala-se e discute-se sempre a mesma coisa (até por falta de novidades...), mas com a utilização de vozes diferentes.

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, maio 16, 2018

A Atracção e a Exploração do Tejo


Não é só nos bairros antigos lisboetas que se nota a invasão de transportes, especialmente das cópias de todas as cores dos cada vez mais banais, "tuk-tuks", que faziam parte do imaginário dos "filmes asiáticos". 

Também o Tejo é cada vez mais alvo de negócio, com a oferta de múltiplos tipos de embarcações. Eu diria mesmo que os cacilheiros estão completamente fora de moda.  Bom são as réplicas de veleiros antigos, os barcos pneumáticos rápidos ou ainda as viaturas anfíbias...

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, maio 15, 2018

Um Dia Negro Graças às Bestas Cobardes que Rodeiam o Futebol


É uma coisa impensável o que aconteceu hoje à tarde na Academia de Alcochete do Sporting.

Não há nada que justifique este ataque cobarde, por elementos de grupos, que há largos anos fazem o que querem nos estádios, com a complacência dos clubes e das autoridades. 

Infelizmente, neste caso particular, há um autor moral de todos estes acontecimentos, que nos últimos tempos tem insultado a inteligência de qualquer adepto de futebol.

As consequências podem ser de uma gravidade tal para o Sporting, que até poderão pôr em risco a presença dos principais jogadores da equipa principal, na final da Taça de Portugal, no próximo domingo.

(Fotografia de autor desconhecido)

segunda-feira, maio 14, 2018

A Gente sem Memória dos Futebóis...


Todos sabemos que quanto maior é a exposição, mais doloroso é o esquecimento... E não só é mais fácil cair-se no "poço", como este se revela mais fundo. Ou seja, quem convive com o sucesso mediático, sabe muito bem que a "vertigem entre a besta e o bestial", é quase diária...

Onde esta realidade se torna mais evidente, é no mundo do futebol, um negócio capaz de arrastar multidões cegas e facilmente manipuláveis.

A última vítima deste "mundo cão" é Rui Patrício, que depois de ter "salvo" o Sporting de uma derrota em casa com o Benfica, com meia dúzia de defesas só ao alcance dos predestinados, foi o "bode expiatório" escolhido pelos adeptos frustrados pela derrota, no último jogo do campeonato, em que deixou entrar um "frango"... 

Claro que a sua escolha pelos adeptos não acontece por acaso. Ele também tem sido o escolhido pelo presidente como o "cabecilha" do grupo de "jogadores revoltosos", que é preciso varrer para fora do clube.

Rui Patrício felizmente já tem a estátua que merece, na sua Terra Natal, que desta vez nem foi ingrata. E ninguém conseguirá apagar a sua história no Sporting e no nosso país, em que é um dos nossos melhores guarda-redes de sempre (a par de Baia e Damas), nem mesmo um presidente que se julga dono e senhor do clube que devia ser de todos os sportinguistas e não apenas de alguns...

(Fotografia de Autor desconhecido)

domingo, maio 13, 2018

O Dia da Espiga pode Ser Quando nos Apetecer...


Sei que os puristas não vão concordar, mas tal como acontece com a maior parte das coisas, que agora têm um dia para festejar, acredito que o Dia da Espiga, pode ser quando nos apetecer, na bonita Primavera...

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, maio 12, 2018

Provavelmente o Problema é Meu...


Comecei a ler um livro de poemas, de um autor falecido recentemente, que está longe de ser um desconhecido (foi premiado e a obra era divulgada no "Jornal de Letras" e na imprensa generalista, o que já nem sei se é o melhor cartão de visita...) e experimentei a mesma estranheza que sinto com outros autores.

Provavelmente o problema é meu, não tenho sensibilidade suficiente para perceber o que ele quer transmitir. Mas na primeira dúzia de poemas que li tudo me pareceu vazio de sentido, palavras coladas sem alma, beleza e ainda menos, musicalidade...

Lembrei-me logo do teatro que não me faz pensar nem diverte e que me vai afastando das salas... das peças que sinto não chegarem à plateia, ficam paradas no umbigo do encenador (a minha dúvida é se também chegam aos actores...).

Felizmente estou a contar este desabafo no meu blogue, que continuo a pensar que é muito diferente de uma rede social, onde podia correr o risco de dizerem que só gosto de poesia e de teatro "pimba", entre outras coisas, se é que isso existe...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, maio 11, 2018

Palavras Soltas à Volta de uma Exposição...


Estava a acabar de montar uma exposição sobre banda desenhada e como a porta da galeria estava aberta, acabou por entrar o primeiro visitante.

Cumprimentámos-nos e ele, curioso, começou a olhar as capas históricas expostas, disse-lhe que a inauguração era só amanhã. Ele fechou logo o olhar, desculpando-se que sim,  via tudo amanhã... 

Claro que estava a brincar. Tive todo o gosto que ele fosse a primeira pessoa a ver a exposição.

Por sermos de gerações diferentes, ele recordava-se de o "Cavaleiro Andante", "O Faísca", o "Mosquito", eu era mais do tempo do "Falcão", do "Mundo de Aventuras ou do "Jornal do Cuto".

Mas a banda desenhada fazia parte, não só do nosso imaginário. mas também na aprendizagem da leitura, através das histórias de aventuras aos quadradinhos. 

Isso acontecia porque o livro era um "objecto de luxo", só depois da Revolução de Abril é que se caminhou para a sua democratização...

Antes de partir este companheiro ainda comentou a realidade actual, com a saída  de dezenas de livros diariamente, o que complica bastante a nossa escolha. Eu respondi que tinjamos de nos fixar nos autores que gostamos...

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, maio 09, 2018

A Praça do Comércio


Sei que nem sempre olhamos para a Praça do Comércio (ou Terreiro do Paço...), com olhos de ver. 

Os turistas, sim. Normalmente ficam agradados com a sua largueza e por ser um espaço aberto,  virado para o melhor Rio do Mundo. É só atravessarmos a passadeira e estamos no Cais das Colunas... 

É por isso que de vez em quando, fica quase irreconhecível, quando é utilizada para "vender qualquer coisa", como tem acontecido nos últimos dias, com o festival da canção das europas... Mas por alguma razão se chama "Praça do Comércio".

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, maio 08, 2018

«As gajas estragam-se muito mais que nós»


A frase foi mesmo esta. Ainda estive para a substituir por mulheres, mas ia "colorir" a conversa, que tive com o Alex, músico a quem o tempo roubou a estrela de famoso, como guitarrista de uma das várias bandas históricas do rock português (e que finge ter apagado na sua "história", pois evita falar disso...), e com o Bernardo, que escreveu em tempos que já lá vão, em jornais, tal como eu.

A "gaja" de quem falávamos era uma moçoila, cinquentona como nós, que estava a pouco mais de três metros da nossa mesa, e segundo eles, quase irreconhecível, graças à soma de algumas rugas com uns bons trinta quilos. Nem os seus bonitos olhos claros escaparam, tinham perdido o brilho, tal como o louro dos cabelos.

Fiquei a saber que era a "boa" da rua do Bernardo, e como costuma acontecer neste casos, não lhes dava qualquer confiança. Fez passagens de modelos em discotecas e alguma publicidade, antes de casar com o filho do dono de uma rede de boutiques, que foram engolidas pelo "progresso" (acho que já não existe nenhuma, nem mesmo lá para a Cruz de Pau...). 

«A exclusividade às vezes paga-se caro», insistiu o Alex, com seu sorriso malandro. O Bernardo também sorriu, antes de dizer ao amigo que nem todos podem ter a fisionomia elegante dos "roqueiros", alimentada pelos muitos quilos de erva, filtrados pelos pulmões, e claro, pelas centenas de litros de bagaço, wisky e outras mistelas que ficam a fazer cócegas ao fígado, para todo o sempre.

A Alex disse que sim, pelo menos deviam  ajudar a queimar gorduras e deu os exemplos da Kate Moss e do Keith Richards, sem perder a graça.

E depois concluiu com o óbvio desenhado pelos seus olhos: «Não há qualquer dúvida, as gajas estragam-se muito mais que nós.»

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, maio 07, 2018

As Oportunidades Perdidas (dentro da estranheza humana)...


O tempo faz com que deixemos de falar a algumas pessoas, sem que encontremos uma explicação plausível para o facto. No meu caso pessoal noto que isso acontece sobretudo com pessoas com quem estudei. Há uma primeira vez, que começa quase sempre com um fingir que não se vê... E depois acaba-se o simples olá, o bom dia ou o boa tarde...

Pensei nisso quando o meu irmão me contou um episódio, que pensa ter-se passado  com o seu companheiro da primária mais "estrangeirado", filho de pai alemão e de mãe francesa, que foi agarrado na adolescência pelo "mundo psicadélico", do qual penso nunca mais  ter saído... 

Depois de o ter perdido de vista durante anos e anos (correu na nossa cidade o boato que tinha morrido novo...), descobriu um rosto que lhe pareceu familiar, numa das ruas de Lisboa. No regresso a casa, pensou na forte possibilidade de ser ele, pelo seu olhar e também pelo aspecto desleixado. 

Algum tempo depois cruzou-se nas Caldas com a mesma pessoa, mas ia de carro e não aproveitou a oportunidade para estacionar e para trocar algumas palavras e ficar a saber se era mesmo Ele... E agora já não é possível. Um amigo comum anunciou o seu desaparecimento via facebook.

Ouvia-o e lembrei-me de uma colega de escola, que trabalha numa farmácia, e que agora, graças ao moderno uso de senhas, não temos a oportunidade de fugir um do outro, pelo menos dentro da loja (das duas últimas vezes que por lá passei fui atendido por ela...). 

Como acontece em muitos casos, deixou-me de falar sem que tivesse existido qualquer zanga ou mal entendido, apenas por que sim. No início estranha-se, depois entranha-se. 

Mas não deixa de ser uma coisa quase literária, estarmos ali, frente a frente, falarmos informalmente, como se nunca tivéssemos trocado, no mínimo, palavras e sorrisos malandros no intervalo das aulas...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, maio 06, 2018

A Minha Querida Mãe e o Feito do João...


Fui às Caldas almoçar com a minha Mãe e o meu Irmão, neste dia que devia ser especial para todas as mães.

Conversámos, conversámos... e quando olhei para o relógio, eram 17 horas e 10 minutos, hora de regresso a casa...

Como costuma acontecer na casa na minha Mãe, a televisão nem sequer se liga... e esqueci-me completamente da existência do "mundo lá de fora". 

Depois de uma viagem tranquila pela A8 (apesar do movimento...), já em Almada, liguei o computador. Numa primeira passagem por sites e blogues, visitei "A Bola", e fiquei extremamente feliz por saber da vitória do João Sousa na final do Estoril-Open. Um feito histórico.

(Fotografia de autor desconhecido - retirada do site de "A Bola")

sábado, maio 05, 2018

Sorrir com o Nosso Jornalismo (Comprometido)...


Apetece-me começar por falar novamente do João Sousa, que voltou a ganhar hoje a um jovem grego e é finalista do Estoril-Open. Grande João! 

Mas não é sobre isso que me irei debruçar.

Vou escrever sim sobre uma crónica publicada ontem no diário "A Bola", assinada pelo Bonzinho (os nomes muitas vezes são enganadores...), cuja capa "despachava" o Rui Vitória para as Arábias - percebia-se nas entrelinhas que adivinhavam a derrota do Benfica no "derby", ainda antes dele se realizar -, onde o jornalista faz um verdadeiro "tratado" sobre a emoção, por gostar pouco da "indiferença" do treinador do Benfica (cuja normalidade do discurso e da postura chocam com o "jogo de emoções"...). Realmente Vitória é demasiado sóbrio, especialmente para quem gosta de vender jornais à custa de "vendedores de banha da cobra"...

Acho piada a estes jornalistas que acham ter o poder de "despedir treinadores", tal como outros colegas na política, pensam ser capazes de "demitir ministros"...

O mesmo diário tem outro jornalista engraçado (Guerra), que sempre que pode deita abaixo Jorge Jesus, como se o treinador não possuísse um passado suficientemente valioso para dele se orgulhar e ter vaidade...

O mais curioso é eu gostar dos dois treinadores. E estou convencido que nenhum deles depende do resultado de hoje. O seu presente fala por eles. E como ambos dizem, têm contratos com o Benfica e com o Sporting...

Voltando à sobriedade de Rui Vitória, conheço pelo menos uma dúzia de bons treinadores na história do futebol português, que nunca precisaram de "andar em cima" de frases bombásticas ou de serem polémicos com colegas de profissão, para triunfar nos clubes que treinaram. E o mais curioso é que uma boa parte deles até foram campeões nacionais (cá e lá fora...).

Falo de Cândido de Oliveira, Fernando Vaz, Mário Wilson, Artur Jorge, Manuel José, Jesualdo Ferreira, Carlos Queirós, Vitor Oliveira, José Couceiro, Paulo Bento, Leonardo Jardim ou Marco Silva.

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, maio 04, 2018

João Sousa nas Meias-Finais do Estoril-Open


Acabou há minutos o jogo de ténis dos quartos de final do "Estoril-Open", com João Sousa a vencer o inglês Kile Edmund, depois de ter vencido o não menos espectacular, Pedro Sousa, nos oitavos. Provavelmente o melhor jogo de sempre disputado entre dois portugueses.

O João é um grande jogador, que já pertenceu ao grupo restrito dos cinquenta melhores do mundo (e tudo indica que irá voltar nesta época...). Os resultados e a sua qualidade fazem com seja o nosso melhor jogador de sempre. Poderá não ser o mais espectacular, mas é o mais forte técnica e psicologicamente, muito graças à sua força, frieza e consistência.

E a partir de agora tudo é possível, até por jogar em casa.

(Fotografia de Autor Desconhecido - retirada do Site de "A Bola")

quinta-feira, maio 03, 2018

Conservadorismo & Teimosia


Sei que sou um conservador teimoso. E que também vivo mais vezes do que parece num "outro mundo"... Algo que acontece com quem tem a capacidade de falar com o que não se vê (quando me cruzo com pessoas que falam sozinhas na rua, como eu, penso sempre que elas deviam escrever, embora não tenham ar de o fazer...) e de escrever sobre e com os "seus fantasmas"...

Pensei nisso por continuar avesso a ter um telemóvel daqueles que quase que  fazem as pessoas sair do mundo, talvez por conseguirem o "milagre" de esconderem outras pessoas lá dentro (sim, o meu continua a ser uma coisa pequenina, do século passado, que só serve de telefone...).

Talvez seja uma limitação minha, mas não consigo andar no coração da cidade, sem olhar, ouvir e sentir o mundo...

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, maio 02, 2018

A Vida é Cheia de Contrastes...


Era impossível não ouvir a conversa entre o meu filho e um amigo, desagradados com uma situação, que, curiosamente, também vivi na secundária. 

Um dos colegas da universidade nem sequer se dá ao trabalho de fingir que é pobrezinho. Embora receba bolsa de estudo, veste roupa de marca e exibe um portátil de mil e tal euros...

Mantive-me em silêncio mas recordei o filho de um empresário que era transportado de jipe diariamente para o liceu, que também recebia dinheiro da escola, como se fosse pobrezinho.

Apesar de terem já passado quarenta anos, parece que  pouco mudou. Pelos vistos continuam a existir por aí muitos empresários a fingir que recebem o ordenado mínimo... e a explorar o Estado, sempre que lhes é possível...

(Fotografia de Luís Eme)