sexta-feira, março 30, 2018

Que Bem que se Está no Campo...


Como de costume, estamos a passar estes dias de mini férias de Páscoa, numa pequena aldeia beirã, saboreando as maravilhas dos campos.

Felizmente os incêndios não passaram por aqui e o verde predomina, alindado com os salpicos coloridos das flores silvestres...

(Óleo de Ferdinand Hodler)

quarta-feira, março 28, 2018

O Prodígio da Experiência


Passei ontem pela Casa da Cerca para ver a exposição, "Ana Hatherly, o Prodígio da Experiência".

A Ana foi poeta, ensaista, investigadora, tradutora, professora universitária e artista plástica. Para algumas pessoas pode parecer muita coisa, para mim (que também gosto de fazer mais que uma coisa...) parece-me o percurso normal de quem gostava das palavras e também das imagens. E deve ter sido por isso que também se formou em técnicas cinematográficas e ensinou cinema.

Gostei de algumas coisas que vi, de outras nem tanto. Mas as exposições da Casa da Cerca de Almada são sempre curiosas e singulares...

Da poeta gosto sobretudo da sua capacidade "minimalista", de dizer tanto usando tão poucas palavras...

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, março 27, 2018

O Primeiro Ensaio...


Fingia que não tinha curiosidade, de ver os actores "Incríveis" a usarem as minhas palavras no palco.

Mas naquele dia calhou, a reunião acabou mais cedo e eu  lá fui até ao Salão de Festas. Depois de descer as escadas que me levaram da segunda galeria até à sala, sentei-me numa das cadeiras de plástico, tentando permanecer anónimo.

Fui anónimo pouco tempo, dai a quase nada a encenadora perturbou a silêncio da plateia ao anunciar a presença do autor na peça. Os actores bateram palmas e eu levantei-me e fiz-lhes uma vénia.

A mulher que estava a meu lado disse a sorrir que não me tinha imaginado a escrever aquelas coisas.

E num primeiro momento até eu duvidei ter escrito aquelas palavras, que agora ganhavam vida através dos corpos e das vozes das personagens da peça "O Amor é uma Invenção do Cinema", a minha estreia mais a sério nos palcos...

(Fotografia de Luís Afonso)

segunda-feira, março 26, 2018

Manuel Reis e a (sua) Modernidade


Nem mesmo durante a adolescência e o começo da idade adulta, fui uma "ave nocturna". Nessa altura a "desculpa" era a prática desportiva, pouco compatível com a "borga".

Mesmo assim, durante pelo menos três anos (1984 a 1986), era frequente andar pela noite dentro às quintas-feiras (evitando as confusões de sexta e sábado...), com três ou quatro amigos. Fazia-o em nome da amizade e também pelo prazer da descoberta e da curiosidade, dentro de uma noite entre o castiço e o vicioso. Na época nenhum de nós tinha carro o que nos fazia esperar pela primeira barca que nos levava para o outro lado do rio (quase às seis da manhã). E como a partir das quatro da manhã só se encontravam abertos dois tipos de bares na noite lisboeta, frequentados por uma clientela específica, de um lado as prostitutas e os seus "donos", em lugares normalmente decadentes, noutro os homossexuais, em lugares diferentes do usual. Sem nos apercebermos, percorremos geografias humanas extremamente ricas, pelo menos para quem gosta de palavras e de histórias...

Como de costume, começo a escrever, vou buscar memórias, e afasto-me do tema principal, o desaparecimento de Manuel Reis, um antiquário moderno, que conseguiu cultivar a diferença da noite lisboeta, primeiro com o "Frágil" no Bairro Alto e depois com o "Lux" em Santa Apolónia. Se no primeiro entrei, umas três vezes, no segundo, nenhuma.

Estive com Manuel Reis uma única vez, por um mero acaso, sem saber quem era aquele homem, diferente. Estava num café com um amigo escultor e ele chegou e depois de trocar algumas palavras, ficou na nossa mesa, a convite do António. Isto aconteceu no começo da década de noventa e recordo que, entre outras coisas, falámos do movimento modernista, porque aquele café onde nos encontrávamos, apesar de muito menos badalado que "A Brasileira", era poiso habitual daquela gente "louca", mal vestida e mal lavada, quase sempre com pouco dinheiro nesses longínquos anos vinte. 

O mais curioso, foi ele ter-nos oferecido alguns pontos de vista completamente diferentes dos nossos, sobre a arte e alguns artistas desses gloriosos tempos, o que nos fez sorrir. 

Só depois dele se despedir de nós, é que soube quem era o homem do chapéu... que agora partiu e provavelmente continua com vontade de abrir espaços "revolucionários" e bonitos noutras latitudes...

(Óleo de Amadeo Souza-Cardozo)

domingo, março 25, 2018

A Gaivota e a Ponte...


A gaivota planava, desta vez sem fazer fintas à fotografia, no fim de tarde de um domingo ventoso, a pedir agasalhos à beira rio.

Ao fundo a ponte, curiosamente com o comboio num tabuleiro e as filas habituais de carros no outro, também na imagem...

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, março 24, 2018

A Hora de Verão e a Hora de Inverno...


Daqui a pouco muda a hora, é o primeiro sinal de um Verão, que este ano parece não estar logo depois da esquina.

Esta é uma daquelas "insignificâncias" que nunca percebi muito bem quais as vantagens. Provavelmente é mais uma daquelas modas importadas das "europas"...

E ainda acho mais estranho quando se muda a hora de Verão para a de Inverno. De um momento para o outro passamos a acordar de noite. E ainda é mais estranho para os miúdos, que passam a ir para a escola antes do amanhecer...

(Fotografia de Luís Eme)


sexta-feira, março 23, 2018

Olhar (perguntar) e Ouvir...


Quando se fala das artes eu sou sobretudo um "ouvidor". Gosto de ser "esponja", de perguntar quando fico com dúvidas, mas sobretudo de ouvir, ouvir, ouvir... para depois concluir, com os meus amigos botões.

O meu convívio com fotógrafos e pintores diz-me que estes últimos são sempre mais opiniosos e convencidos.  Não é raro sentir que estou a conversar com um "picasso", tal a forma como falam de si próprios. 

E também conseguem ser mais mauzinhos uns para os outros...

Dizem que quem pinta quadros grandes, só o faz porque não sabe desenhar pormenores; outros "desdizem" e contam que só pinta quadros pequenos quem não quer ter grande trabalho... e poderia continuar a falar das cores, das formas... Como estou com um pé de fora, lembro-me muitas vezes da velha história do rapaz, do velho e do burro...

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, março 21, 2018

Um Dia Mais Bonito que os Outros...


Hoje é um dia mais bonito que os outros, não apenas pela chegada da prima Vera, que é realmente um poço de virtudes e de beleza. Mas também por se festejarem as Árvores, que nos dão tantas coisas boas, desde os frutos, à frescura das suas sombras, aos cheiros, até ao "alojamento" de tantas aves, que até as escolhem como "maternidade". Mas é também o dia da Poesia e dos Poetas. 

Sim, hoje é que se festejam as palavras bonitas, através do Dia Mundial da Poesia, e não ontem ou antes de ontem.

E é por isso que vos deixo aqui um poema dos meus...

A Folha em Branco

Quando olhas a folha em branco
Desvias o olhar e tentas esquecer
O que antes era quase encanto
E chamavas  razão de viver

Queres tanto um poema
Uma história com ou sem amor
Ou até um guião de cinema,
Para que a folha ganhe cor

É por isso que espero meu Amigo,
Que quando voltares a descer a rua
Encontres um poema à tua procura
Dos que até podem ter vindo da Lua

Quero que sejas o homem da bruma
Que descobriu as palavras no passeio
E as apanhou e abraçou, uma a uma,
Voltando a sorrir sem qualquer receio.

Luís [Alves] Milheiro


(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, março 20, 2018

Quase no Final da Calçada da Pedreira...


Hoje ao passar por uma rua quase esquecida, povoada de casas abandonadas com um ar desolador. Sim, se falassem de certeza que desabafavam e falavam da sua pouca grande vontade em continuar a fingir alguma imponência.

Perguntava para ninguém, «quem serão os donos destas casas?», que já há muito que deveriam ter colocado umas placas de "vende-se".

Ninguém respondeu. E a única coisa que sei, é que agora já não possuem qualquer atractivo que possa chamar a atenção dos distraídos...

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, março 19, 2018

A Sensação de Ler Depois do Tempo...


Estou a ler "A Louca da Casa" de Rosa Montero, jornalista e escritora. E se vos estou a contar esta quase banalidade, é porque estou a gostar bastante de o ler.

Vou mais longe, é um daqueles livros que todos aqueles que gostam de  escrever devem ler, especialmente os que ambicionam chegar ao romance.

Estava a falar com os botões inexistentes da minha camisa quando pensei que devia ter lido este livro há uns vinte anos... ou seja, quando ele ainda não tinha sido escrito (a primeira edição é de 2003). Normalmente acontece-nos mais o contrário. Quem gosta de ler livros sente muitas vezes que leu alguns livros antes do tempo, quando ainda não possuía a capacidade de se deliciar com alguma escrita mais "codificada", dos escritores com "alma de alpinistas", que escrevem como se subissem e descessem montanhas, daquelas onde o perigo está constantemente à espreita e o ar que se respira está longe de ser abundante.

A Rosa não só consegue entrar dentro dela, como explica de uma forma compreensível - o que nem sempre é fácil de fazer... - a "luta que é escrever"... 

Não sou de sublinhar livros. Se fosse, este livro ficava com muitos riscos. E concordo quase sempre com ela. Gostei bastante da forma como definiu o romance (11º capítulo): 

«A realidade é sempre assim: paradoxal, incompleta, desastrada. Por isso o género literário que prefiro é o romance, que é o que melhor se molda à matéria fracturada da vida. A poesia aspira à perfeição; o ensaio, à exactidão; o drama, à ordem estrutural. O romance é o único território literário onde reina a mesma imprecisão e desmesura que na existência humana. É um género sujo, híbrido, alvoroçado. Escrever romances é uma profissão que carece de glamour, somos os operários da literatura e temos de colocar tijolo após tijolo, sujar as mãos e rebentar as costas no esforço de erguer uma humilde parede de palavras que, na pior das hipóteses, de desmorona logo a seguir.»


Sei que esta "definição" é capaz de "ofender" alguns escritores de mãos finas, mas eu sou operário da mesma "obra" da Rosa...

Com tudo isto, já escrevi mais do que pensava escrever... E esqueci o que aparentemente é mais importante...

"A Louca da Casa" é uma narrativa autobiográfica, sem a pretensão normal deste género literário, de contar a sua vida toda, para ficar para a posterioridade, É mais um desabafo, uma viagem percorrida "dentro de nós", com memórias, fantasias, curiosidades e boas sugestões de leitura.

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, março 17, 2018

Os Caprichos da Natureza...


Acho que ninguém esperava este mês de Março, tão invernoso, ao ponto de até ter direito a tempestades com nome de gente e muitos dias com alertas vermelhos e laranjas de Norte a Sul.

Ninguém deve ter dúvidas que os tempos de seca já estão mais ou menos esquecidos (até voltámos a ter cheias no Ribatejo...).

Ninguém explica estes caprichos da natureza, muito menos os meteorologistas...

Só a sabedoria popular é nos faz sorrir... Ao ponto de me fazer escolher dois ditados, no mínimo curiosos:

«Março marçagão, de manhã cara de anjo, à noite cara de ladrão.»

«Março frio ou molhado, enche o celeiro e farta o gado.»

Era bom que este último fintasse a ficção e se tornasse realidade... mas não sei não. Segundo os antigos, o tempo começou a ficar "destrambelhado" quando o homem decidiu ir de visita à Lua...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, março 16, 2018

Paredes do Ginjal em Constante Mudança...


As paredes dos velhos armazéns e dos muros do Ginjal sofrem mudanças, mais constantes do que é habitual, tanto nas tonalidades como nos desenhos, que lhes são oferecidos por artistas, de todos os gostos e talentos.


Pensava que existia alguma "solidariedade" e "respeito" entre os adeptos da arte urbana, mas pelos exemplos a que vou assistindo no Ginjal, são uma "treta", tal como o "fair-play" nos estádios de futebol... Ou seja, o "pintar por cima", é a norma vigente.

(Fotografias de Luís Eme)

quinta-feira, março 15, 2018

Este Mistério que é Viver...


Não escrevi nada ontem, mas pensei no exemplo de um homem especial, como foi Stephen Hawking, que viveu praticamente os últimos cinquenta anos de vida, confinado a uma cadeira de rodas, e cada vez mais limitado de movimentos (a doença degenerativa de que padecia afecta sobretudo os músculos...), inclusive da expressão vocal.

Foi isso que fez com que usasse mais o cérebro que todos nós, tal como a "sentença de morte" ditada pela medicina (no começo da sua idade adulta davam-lhe no máximo mais cinco anos de vida...). O facto de ser uma pessoa optimista e com sentido de humor (todos os que o conheceram revelam esta sua faceta...) também deve ter ajudado, e muito...

Quando ele disse, «tentei fazer bom uso do meu tempo», ofereceu-nos um dos melhores conselhos, que alguém poderia dar. Porque cada vez temos mais dificuldades em seguir este bom princípio...

Escolhi este título, porque tenho vários amigos que já passaram - ou estão a passar a "barreira" dos oitenta -, e sinto que à medida que o tempo vai passando, mais eles se agarram à vida. Tentam deitar as múltiplas mazelas para trás das costas e aproveitar as coisas boas que a vida ainda lhes consegue oferecer...

Foi por eles e pelo Stephen, que escolhi o título, "Este Mistério que é Viver"...

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, março 13, 2018

A Transformação da Paisagem Através da Fotografia...


Hoje estive à conversa com um fotógrafo amigo e falámos de muitas coisas ligadas a esta arte, mas mantendo alguma distância sobre as "teorias" que explicam o que são boas e más fotografias.

Estivemos de acordo sobre quase tudo, até por sabermos onde é que as grandes máquinas conseguem fazer toda a diferença. Claro que não fazem os milagres que muitos pretendem, será sempre o "olhar" que prevalece sobre a sua menor ou maior qualidade. 

E quem não anda à procura da diferença, da tal "imagem que ainda ninguém viu", bem pode dedicar-se a outra coisa...

Uma das coisas que as máquinas boas podem fazer, é "manipular" com mais facilidade a paisagem, pelo menos aparentemente. Algo que se consegue, por exemplo, com um bom "zoom". 

A fotografia que publico com este texto, não é nada de especial, mas consegue esconder o Tejo, ou seja, a vegetação da Margem Sul parece continuar até à Mata de Monsanto...

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, março 12, 2018

As Belas Tascas do "Homem Fino"...


Embora não soubesse muito bem o que era isso de se ser um "homem fino", calculava que devia estar ligado à forma como se vestia e convivia socialmente.

Apesar do seu bom ar, se havia coisa que sempre evitara, era ser demasiado "perfeito". Um dos seus maiores "defeitos", pelo menos no olhar da esposa, era gostar de frequentar lugares onde abundava o "povo", especialmente algumas "espeluncas", que nunca deviam ser apelidadas de restaurantes...

Claro que há muito que desistira de explicar o porquê da sua preferência, por este e outros lugares. 

Além de gostar de comida tradicional, gostava de estar num sítio onde não se sentisse "roubado", mas acima de tudo, gostava de se sentir à vontade. 

Detestava sentir-se "vigiado", como acontecia em muitos lugares, onde todos os gestos tinham de ser medidos um a um. E não era apenas a observação atenta aos copos, que quando ficavam quase vazios, surgia logo o empregado a colocar mais um fio de vinho, com um sorriso daqueles que pedem gorjeta...

(Fotografia de autor desconhecido)

domingo, março 11, 2018

O Benfica, a Clubite, a Justiça e o Jornalismo de Sarjeta


Tenho evitado falar sobre o que se tem passado com o Benfica nos últimos tempos, com o clube a ser vitima de uma campanha de "desinformação" e "intoxicação", sem paralelo no nosso país, por parte dos dois clubes rivais (querem evitar o "penta" a todo o custo...). Campanha que se tem estendido a algum jornalismo que se alimenta sobretudo das "meias-verdades" e meias-mentiras", com manchetes e capas fabricadas diariamente (mesmo que os títulos muitas vezes tenham pouco a ver com o conteúdo das notícias...), com um único objectivo: vender gato por lebre.

A campanha começou com os "vouchers", depois foram os "e-mails"  e agora são "toupeiras"...

Embora não procure desvalorizar as investigações em curso - nem inocentar ninguém -, faz-me um bocado confusão a leitura que se está a fazer deste último processo. Por mais voltas que dê, não consigo perceber  a posição de algum jornalismo, tão "escandalizado com as toupeiras", quando eles são useiros e vezeiros na utilização dos mesmos métodos, conseguindo ter acesso a partes de processos em segredo de justiça, que só podem ser divulgados pelos vários agentes envolvidos na respectiva investigação (ministério público, polícia judiciária e tribunais...).

Do ponto de vista criminal, não consigo perceber a diferença que existe entre um dirigente desportivo e um jornalista, quando ambos utilizam os mesmos métodos para se apropriarem de informação privilegiada fornecida por terceiros, para benefício próprio. 

(Ilustração de Otto Lange)

sábado, março 10, 2018

O Hábito (perdido) de Mudar de Casa...


Estava ali sentado a ouvi-la falar da sua infância e juventude, da alegria que sentia quando mudava de casa, sem ter de sair da mesma cidade.

A mãe era a principal mentora destas "mudanças", que às vezes aconteciam quase sem sair da mesma rua. Mudou pelo menos oito vezes de casa dos anos sessenta aos anos oitenta.

Já adulta e casada não conseguiu fazer como a mãe, embora lhe apetecesse muitas vezes mudar de casa, e até de cidade... Mas nessa altura era mais difícil alugar casas, as pessoas preferiam comprar e vender.

Só com a proximidade da crise, que nos haveria de trazer uma "troika" bem manhosa, é que se voltaram a ver casas com "escritos" nas janelas e os arrendamentos voltaram a "reinar" no mercado imobiliário.

E ela só agora ia mudar novamente de casa. Curiosamente estava apreensiva. Como gostaria de sentir a alegria dos tempos da infância e da juventude, de ir ter uma outra casa, uma nova janela, e claro, uma nova rua...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, março 09, 2018

Coisas do Gostar...


Conversávamos sobre a amizade, sobre esta coisa do gostar, à margem das paixões.

Foi quando me disseste que quando queremos somos mais iguais do que parecemos, às pessoas que de quem queremos gostar. Da mesma forma que nos esforçamos para sermos diferentes de quem queremos manter a distância...

Lembrei-me disso agora que estou a ouvir a música que me sugeriste. Sim, gosto da música que tu gostas. E devo gostar ainda mais por gostar de ti.

E lembrei-me também do "esforço" que faço para não gostar de algumas coisas que me são sugeridas pelos tais outros, que sem ter de mudar de passeio quando nos cruzamos, gosto de manter algum distanciamento... Ou de não atender o telemóvel quando aparece um nome que sinto estar a mais na lista (muitas vezes apenas por questões profissionais), apenas porque sim.

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, março 08, 2018

Oito de Março de Dois Mil e Dezoito...


Sei que o machismo existe, talvez ainda mais nos dias que se chamam 8 de Março, em que alguns homens fingem mudar de personalidade, compram flores, chocolates, fazem marcações no restaurante e, até oferecem lugares no eléctrico, no metro e no autocarro.

Mas no dia seguinte acaba-se a "abundância" de simpatias e generosidades. 

E eu fico sem saber quantas mulheres ficam felizes, por terem um dia que chamam seu...

O Gui diz-me que são muitas, a Rita, oferece-me aquele lugar comum "olha que não...", por que sabe que um dia é pouco mais que uma migalha.

E eu não sei o que dizer, ou o que escrever.

Não faço ideia se já é tempo de decretar o fim deste dia ou se, pelo contrário,  vamos a caminho de "fundar" um dia internacional do homem (que nunca comemorarei)...

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, março 07, 2018

O Outro Lado do Paraíso...


Não sou grande adepto das telenovelas, mas hoje, ao assistir a uma cena de "O Outro Lado do Paraíso", protagonizada por dois extraordinários actores, que felizmente continuam a dar vidas a personagens, que estão longe de serem secundárias, fiquei encantado. Falo de Fernanda Montenegro e de Lima Duarte.

Só a sua presença, os seus gestos e os seus olhares, eram suficientes para deixarem a sua marca. Mas foram complementadas pelas suas vozes, carregadas de emoção...

Senti que era muito pouco provável assistir a uma cena com, tanta autenticidade, interpretada por actores portugueses...

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, março 06, 2018

Viagens entre Palavras e Afectos...


Aproveitei as tréguas dadas pelo "mau tempo" e fui até às Caldas, almoçar com a minha mãe e o meu irmão.

Os nossos almoços nunca são só a três, convocamos sempre mais gente, que nos abraça e sorri, nas várias viagens que fazemos pelo interior das nossas vidas...

E para não fugir à rotina, dei a volta do costume ao Parque. Os cisnes do lago foram as minhas testemunhas...

(Fotografia de Luís Eme) 

segunda-feira, março 05, 2018

Um Retrato de Inverno...


A legenda da fotografia, podia ser "olhar a chuva a cair", embora esse olhar pudesse ser forçado, por quem está à espera do autocarro ou de uma boleia que tarda em chegar.

Também ilustra muito bem a quantidade de água que tem caído nos últimos dias, que espero tenha minorado os efeitos da "seca" de Norte a Sul...

(Fotografia de Luís Eme - Largo de Cacilhas)

domingo, março 04, 2018

A Importância (ou não) dos Dias...


De há uns tempos para cá noto que algumas pessoas antecipam as datas de comemorações importantes, quase sempre apenas por conveniências próprias. Fico com a sensação de que estão com medo de que as suas iniciativas acabem por ser um fracasso, graças à provável "concorrência" nos dias festivos...

Um desses exemplos é comemoração do Dia Internacional da Mulher em Almada, pela União de Juntas Urbanas. Há pelo menos três anos que esta data é antecipada.

Este ano também reparo que se está a preparar uma homenagem a Alexandre Castanheira (por algumas associações almadenses, inclusive as a que pertenço...), que terá lugar a 17 de Março e onde se publicita o Dia Mundial da Poesia. 

Não sei de quem partiu a ideia, mas não me parece muito inteligente esta antecipação, porque uma coisa é o Dia Mundial da Poesia, outra é uma homenagem a Alexandre Castanheira, que nos deixou este ano, que entre outras coisas, foi um grande poeta de Almada.

Por este andar, e com esta nova filosofia, qualquer dia começamos a festejar os nossos aniversários, quando nos apetecer...

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, março 03, 2018

Marcas do Mau Tempo no Ginjal...


Hoje passeei de manhã pelo Ginjal e pude olhar algumas marcas que ficaram do mau tempo...


Dizem que é desta que o "plano de pormenor" vai avançar, e que vai nascer mesmo algo novo rente ao Tejo.


Espero que sim, porque há zonas do Ginjal que se percebe que já não aguentam um ou outro Inverno mais rigoroso...

(Fotografias de Luís Eme)

sexta-feira, março 02, 2018

A Pintura e a Fotografia Artística...

Sei que quem pinta olha a arte de uma forma diferente de quem fotografa, por exemplo.

Fez-me confusão quando me perguntaram o preço das minhas fotografias na minha última exposição.

E ainda lhes deve ter feito mais confusão quando disse que não estavam à venda...

Percebi que uma das pessoas que me perguntou, pinta, não tanto pela paixão pela arte, mas sim pela possibilidade de puder vender as suas obras, de ganhar algum dinheirinho.

São percursos pessoais e artísticos diferentes. E não vem mal nenhum ao mundo por isso...

Acabei por ficar a pensar que em Portugal não há a tradição de se comprar fotografia, como se compra pintura, por exemplo. A ideia  de que a fotografia está ao alcance de todos nós, necessita de menos conhecimento, dá menos trabalho e tem menos valor artístico que as outras artes, continua a  fazer a diferença (e agora ainda mais, graças ao digital...).

(Óleo de Georges Valmier)

quinta-feira, março 01, 2018

A Nossa Costa e o Mau Tempo...

Há dias passei pela Costa de Caparica e ao olhar para um dos parques de campismo da localidade, fiquei a pensar na vulnerabilidade destas quase "vilas", cada vez menos ambulantes, por estarem tão próximas do mar, que nos últimos dias anda mais irritado que o costume.

Mas curiosamente as más notícias sobre o mau tempo no Concelho de Almada tiveram como foco a Trafaria e um dos bairros mais degradados do Concelho de Almada (o Bairro do Torrão), e também a Cova do Vapor, ambos povoados por casas construídas de uma forma quase artesanal. Algo que ainda se encontra com mais frequência do que devia na nossa costa, especialmente em zonas de habitação de pescadores...

A revolta da natureza é pródiga em mostrar a nossa pequenez, e também as nossas fraquezas (em muitos casos autênticas loucuras...), tanto no Verão como no Inverno...

(Fotografia de Luís Eme)