sexta-feira, fevereiro 27, 2009

O Terramoto de 1969


Enquanto esperava pela saída da minha filha da escola, uma senhora que esperava a neta, começou a falar do terramoto de 1969, não sei a que propósito.
Quase toda a gente contou a sua aventura. Quase todos tinham saído para a rua e garantiam que tinha sido uma coisa assustadora pela noite dentro, ao acordarem com as camas a andarem de um lado para o outro.
Eu não me lembro nada do terramoto, embora já tivesse seis anos. Pelos relatos dos meus pais, eu e o meu irmão continuámos a dormir serenamente, sem ligar aos tremeliques da terra, enquanto eles também vieram para a rua, assustados, sem perceberem bem o que se passava.
Quando nos espreitaram no quarto, já o "pesadelo" tinha passado...
O mais curioso foi uma senhora ter afiançado que o terramoto tinha sido em Fevereiro de 1969, há precisamente quarenta anos...

domingo, fevereiro 22, 2009

O Adeus de Lagoa Henriques

O Mestre Lagoa Henriques faleceu hoje, aos oitenta e cinco anos.

Para muitos é apenas o autor do Pessoa da Brasileira. Mas claro que Lagoa Henriques, foi isso é muito mais, foi um extraordinário professor, um grande comunicador, um amante da liberdade, um poeta e um excelente artista plástico.
Aprendi bastante com ele, sobre a arte, a poesia e o mundo que nos rodeia.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Uma Frase que Diz Quase Tudo Deste País...

Ontem após o telejornal, a RTP 1 transmitiu uma reportagem sobre o Almirante Gago Coutinho, uma grande figura da nossa história, que desapareceu há cinquenta anos.

Gago Coutinho foi um grande geógrafo que realizou, juntamente com Sacadura Cabral, a primeira travessia aérea entre Lisboa e o Rio de Janeiro, pelo Atlântico, em Março de 1922.
O que mais me chamou a atenção, foi ele, já com mais de oitenta anos, dizer esta frase tão rica de significado:
«Sempre tive alma de tenente, os galões não mexeram com a minha alma".
Não acho que seja prova de humildade, mas sim de realismo, de quem nunca quis ficar parado, a gozar as mordomias de "almirante".
Infelizmente são raras as pessoas que conseguem manter a alma de "tenente", que continuam a manter o mesmo espírito empreendedor, a mesma simpatia e simplicidade no dia a dia, após ser promovidas no que quer que seja.
O normal no nosso país é o contrário, muito boa gente (desculpem se me enganei...) assim que se vê como "tenente" rapidamente pensa que já é "almirante".
Preocupam-se mais com as mordomias, o ordenado, a boa casa, o bom automóvel, do que em dar o seu contributo ao país, honrando a sua profissão e respeitando o mundo à sua volta...

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Um Filme Diferente

Este começo de ano está a ser tramado, tenho cada vez menos tempo para passar por aqui.

Até ao fim deste mês, todos os sábados tenho iniciativas culturais em Almada, das quais sou um dos principais responsáveis.
São lançamentos de livros, inaugurações de exposições... e claro, antes ainda tenho a família e o trabalho.
Tem sido este o filme dos últimos tempos. É por isso que vos deixo com um cartaz de cinema magnífico do filme, "Perdutamente", de 1946, com a Joan Crawford e as ondas do Mar...

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

O Humor de Luís Afonso

Sei que hoje era dia para falar de Darwin, mas já foi dito quase tudo...

Eu tenho andado a consumir muito menos jornais, inclusive os desportivos, que me distraem mais que os generalistas. Mas na terça lá comprei "A Bola"...
Queria ver o que é o Miguel Sousa Tavares dizia do Porto -Benfica. Afinal não disse nada, não saiu a sua crónica.
Mas fiquei deliciado com a tira do Luís Afonso, sobre a saída de Scolari do Chelsea, foi como se fosse mesmo à "Barba e Cabelo"...
Como tenho andado extremamente ocupado, esqueci-me completamente da tira. Mas hoje ela voltou a tropeçar comigo e tenho todo o prazer em partilhá-la com vocês...

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Coisas dos Livros

Às vezes há algumas pessoas que se lembram que escrevo livros e convidam-me para participar em alguns projectos ligados à literatura.

Por não ser uma coisa muito habitual, retenho sempre algo destas visitas a estabelecimentos de ensino (curiosamente, sempre na Margem Norte do Tejo...). Desta vez o motivo da minha escolha prendia-se com o meu primeiro livro, um romance que fala de jornalismo e futebol, onde até «mato um árbitro...».
São duas áreas que continuam a despertar muitas paixões na juventude, apesar de estarem a viver tempos complicados...
De todas as perguntas que me fizeram, retive uma, feita por uma aluna. Ela queria saber o que se tinha passado de mais curioso, através da leitura do livro.
Acho que ela não estava a pensar exactamente naquilo que eu respondi. Mas eu desviei a conversa para dois acontecimentos, que achei únicos...
O primeiro foi um amigo, pouco dado às literaturas, ter confessado que o meu livro tinha sido o primeiro, sem imagens, que tinha lido do principio ao fim. O segundo foi o meu romance ter sido tema de conversa no interior do Hospital Miguel Bombarda, embora me trocassem o nome, em vez de Luís chamaram-me Zé. Um paciente do hospício falava animado do meu livro com um companheiro, que era filho de um amigo meu, que ouvia a conversa atentamente. Pelo desenrolar da história, ficou convencido que o jovem estava a falar do meu livro. E estava mesmo. Perguntei a mim próprio, como é que um livro fora dos circuitos comerciais, tinha conseguido entrar no velho "Miguel Bombarda" (pois, levado por um louco, sem qualquer dúvida)...
Nunca mais esqueci estes dois episódios singulares, pela sua simplicidade e espontaneidade...

sábado, fevereiro 07, 2009

Ser Actor em Portugal

De vez enquanto viajo por dentro e por fora do mundo da sétima arte e levo um "banho" de cinema que dura por largos meses, rente ao Tejo. Quase que me limito a escutar dois amigos, entendidos e apaixonados pela sétima arte, que duas ou três vezes por ano, vêm beber uma imperial e comer uns tremoços ao Ginjal...

Sabem quase tudo dos filmes e dos actores que andam por aí. Fico sempre coma sensação de que passam grande parte das suas vidas dentro de salas de cinema.
Claro que eles, além de verem muitos filmes, escrevem, filmam e sonham...
Os últimos filmes portugueses, com "tiques da América", vieram inevitavelmente à baila, com mimos dignos de qualquer tasca rafeira, aos "pseudo-industriais" que pensam que fazer cinema é a mesma coisa que fazer telenovelas.
Os únicos que ficaram com os pés de fora das criticas foram os actores...
Quem leva a profissão a sério, sabe que é quase impossível fazer teatro, televisão e cinema, em simultâneo. Mas infelizmente, esta é a única possibilidade de se sobreviver como actor no nosso país.
São muito poucos aqueles que se dão ao luxo de dizer não aos apelos das produções manhosas televisivas e que se mantêm à margem do mercado (Luís Miguel Cintra, que ilustra este "post", é um deles). Claro que esta liberdade tem o seu preço, mas eles não se importam de comer iscas à portuguesa em vez de um bom bife do lombo...

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Se Eu Estivesse Ausente, em Parte Incerta...

Se eu estivesse ausente, em parte incerta, um ano, e depois voltasse (com saudades da blogosfera... parece que isto também acontece, segundo uns rumores que ouvi por aí), a coisa que acharia mais estranha, seria o facto de grande parte dos blogues ter optado pela moderação de comentários.

Provavelmente interrogar-me-ia, porque razão isso acontecia... mesmo sabendo a resposta.
Sim, ninguém gosta de ser insultado na própria casa. E os blogues individuais, são muito isso, o nosso refúgio, o nosso "lar virtual".
A abundância tem destas coisas, o bom e o mau. Foi por isso que alguém inventou os crivos, há uns séculos valentes. Talvez fosse coisa dos árabes, quando invadiam o Ocidente e utilizavam além das armas vulgares, a sua Cultura e Saber...
Como vão longe esses tempos.
E não estive ausente, apenas fingi...

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

É Apenas uma História de Ficção...

É apenas mais uma história de ficção televisiva, embora seja "vendida" como se tratasse de pura realidade.

O ditador Salazar, interpretado pelo Diogo Morgado (até escolheram um rapaz bonitinho para lhe vestir a pele...) é transvestido num papel de grande conquistador, pelos vistos com um historial cheio de belas amantes...
Por acaso nem me considero muito ignorante em relação à sua história. Sei, por exemplo, que o seu "caso" com a jornalista francesa, não passou de um jogo de sedução, para dar uma imagem mais humana do ditador para o exterior (até teve direito a um álbum de fotografia da autoria do pide Casaca...), capaz de se apaixonar e tudo, por uma mulher bonita...
Em relação à sua sexualidade, tenho lido algumas coisas, algumas menos recomendáveis, como as do seu relacionamento intimo com o Cardeal Cerejeira, desde os tempos de Coimbra...
Mas olhando para o seu perfil psicológico (desenhado por mim, claro...), ele gostava tanto de se olhar ao espelho e da sua própria sombra, que acho-o mais próximo daqueles "narcisos" que gostam tanto de si próprios, que preferem ensaiar alguns jogos proibidos solitariamente, apenas com a ajuda dos ditos espelhos...
Esta foto explica um pouco o culto que fazia à sua personalidade. Em 1934, já Francisco Franco lhe esculpia o seu próprio busto. E até ao começo da década de quarenta não havia cidade ou vila que não tivesse uma avenida ou rua doutor Oliveira Salazar...
Adenda: Repararam no pormenor da botita do Salazar? Começou desde cedo a morrer de amor por botas (provavelmente mais que por donzelas...), o "Botas"...